Amor que aquece o ouvido
Adoro escrever em primeira pessoa. Isso é meio passional, me dá a sensação de ter um caso com o texto. Algumas palavras trazem consigo aquele timbre de amplificador valvulado dos anos 70, de som vintage, quente, um amor que esquenta o ouvido. Outras palavras são aquecidas por nossas experiências emprestadas aos verbos.
Meus pés conhecem ao certo apenas um caminho: o da casa dela. O amor é extraordinário até em sua menor partícula. Ressuscita certas alegrias que em horas amargas foram enterradas como indigente em algum quintal por aí. Um amor serve pra lhe fazer sentir saudade, saudade até futura, vazio de um tempo que ainda não aconteceu. Assim como há profunda beleza em um campo de girassóis, o amor acontece para mim quando vejo aqueles pezinhos dentro daquela sandalinha que ela comprou semana passada junto com o vestido vermelho. Ela tem uma incrível habilidade de fazer os cantinhos da minha boca se mexerem de satisfação. Os meus lábios escorregam para os lados quando me lembro dos movimentos e das horas que ela me dá, da delícia de vê-la prendendo os cabelos antes de dormir. Se fico um dia longe, lá vem a tal da saudade, carregada como uma locomotiva a vapor, me impedindo até de ouvir o som da minha própria respiração. Fico pensando se ela botou gasolina original no posto mais barato, se comprou a comida do gato, se bebeu a quantidade de água que a dermatologista requisitou. Ela fica pensando se eu comi direitinho ou se comi aquelas porcarias que a gente come quando está com preguiça, se tomei os remédios da gripe, se fui trabalhar e deixei a janela do quarto aberta em dia que o céu está nublado e ventando forte. Enfim, a saudade nunca tem cura. Sempre vai existir por trás de um beijo, por dentro de um abraço. De certa forma, ela é bem vinda, nos faz aproveitar melhor as gargalhadas, os risos silenciosos, a culinária, a massa do jantar e o por quê da felicidade quando estamos juntos. Saudade é pra mostrar que alguém especial construiu uma morada em seu coração.
Impossível não ficar brega falando de amor. Brega é simples como ir na feira comprar tapioca e chuchu. Tem coisa bacana que só se encontra na feira. A falta do amor não é brega, entretanto, inicia um descompasso na vida, gera uma solidão como um acorde abafado e sombrio de um piano. Solidão deixa as Sextas e Sábados tristes como feriado chuvoso.
Adoro a cama, nossa eterna confidente. Ela sustenta um amor que ainda não sei o tamanho exato, ampara corpos esgotados do dia agulhado de uma metrópole, possibilita o sono que nos separa por algum tempo, o sono que encerra, por hora, nossos olhares que se traduzem em alimento um do outro. Fico doido pra que chegue logo de manhã pra começar tudo de novo.
Sempre fui apaixonado pelo amor. Isso é muito doido! Me sinto meio excluído do mundo normal, do mundo dos que não se apaixonam nunca. O que sei é que tenho um jardim de girassóis que preciso cuidar todos os dias. Quem gosta do amor é bobo e raramente é bem interpretado. Mas e daí? Prefiro a jardinagem, prefiro entender que uma mulher não toma um banho no fim de um dia, faz um rito, um culto. O amor me faz enxergar assim. Pelo que eu tenho visto, amar é acertar na loteria. Uns acertam e não vão lá retirar o prêmio.
Estou apaixonado pelo amor de uma mulher, em especial.
Allê Barbosa
e-mail: alledimitri@hotmail.com
29 de novembro, de 2006
Meus pés conhecem ao certo apenas um caminho: o da casa dela. O amor é extraordinário até em sua menor partícula. Ressuscita certas alegrias que em horas amargas foram enterradas como indigente em algum quintal por aí. Um amor serve pra lhe fazer sentir saudade, saudade até futura, vazio de um tempo que ainda não aconteceu. Assim como há profunda beleza em um campo de girassóis, o amor acontece para mim quando vejo aqueles pezinhos dentro daquela sandalinha que ela comprou semana passada junto com o vestido vermelho. Ela tem uma incrível habilidade de fazer os cantinhos da minha boca se mexerem de satisfação. Os meus lábios escorregam para os lados quando me lembro dos movimentos e das horas que ela me dá, da delícia de vê-la prendendo os cabelos antes de dormir. Se fico um dia longe, lá vem a tal da saudade, carregada como uma locomotiva a vapor, me impedindo até de ouvir o som da minha própria respiração. Fico pensando se ela botou gasolina original no posto mais barato, se comprou a comida do gato, se bebeu a quantidade de água que a dermatologista requisitou. Ela fica pensando se eu comi direitinho ou se comi aquelas porcarias que a gente come quando está com preguiça, se tomei os remédios da gripe, se fui trabalhar e deixei a janela do quarto aberta em dia que o céu está nublado e ventando forte. Enfim, a saudade nunca tem cura. Sempre vai existir por trás de um beijo, por dentro de um abraço. De certa forma, ela é bem vinda, nos faz aproveitar melhor as gargalhadas, os risos silenciosos, a culinária, a massa do jantar e o por quê da felicidade quando estamos juntos. Saudade é pra mostrar que alguém especial construiu uma morada em seu coração.
Impossível não ficar brega falando de amor. Brega é simples como ir na feira comprar tapioca e chuchu. Tem coisa bacana que só se encontra na feira. A falta do amor não é brega, entretanto, inicia um descompasso na vida, gera uma solidão como um acorde abafado e sombrio de um piano. Solidão deixa as Sextas e Sábados tristes como feriado chuvoso.
Adoro a cama, nossa eterna confidente. Ela sustenta um amor que ainda não sei o tamanho exato, ampara corpos esgotados do dia agulhado de uma metrópole, possibilita o sono que nos separa por algum tempo, o sono que encerra, por hora, nossos olhares que se traduzem em alimento um do outro. Fico doido pra que chegue logo de manhã pra começar tudo de novo.
Sempre fui apaixonado pelo amor. Isso é muito doido! Me sinto meio excluído do mundo normal, do mundo dos que não se apaixonam nunca. O que sei é que tenho um jardim de girassóis que preciso cuidar todos os dias. Quem gosta do amor é bobo e raramente é bem interpretado. Mas e daí? Prefiro a jardinagem, prefiro entender que uma mulher não toma um banho no fim de um dia, faz um rito, um culto. O amor me faz enxergar assim. Pelo que eu tenho visto, amar é acertar na loteria. Uns acertam e não vão lá retirar o prêmio.
Estou apaixonado pelo amor de uma mulher, em especial.
Allê Barbosa
e-mail: alledimitri@hotmail.com
29 de novembro, de 2006
5 Comentários:
Às 1:19 PM , Helena Meyer disse...
Lindo... Dizer mais o que?
Às 11:40 PM , Anônimo disse...
Vc é demais , consegue traduzir em palavras o q sentimos mas não expressamos,adoro ler seus textos. Escreva sempre, vc ajuda mta gente com isto. Bjos em seu coração. rosepereira8@hotmail.com
Às 7:41 PM , Anônimo disse...
nossa, texto mto lindo! vc conseguiu dizer um tantão de coisas sobre as quais eu nunca consigo escrever! adorei! bjos
Às 9:10 PM , Anônimo disse...
Allê, adorei.....
como sempre vc escreve coisas que esta em nossa cabeça, mas não temos coragem de expressar. Super beijo.
Às 8:49 PM , Anônimo disse...
Saudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não
foi embora, mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam, é a dor dos que ficaram para trás, é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades, passar pela vida e não viver. O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
(Pablo Neruda)
Saudade... Cara, esta palavra é minha companheira, minha inimiga, enfim... Só quem ama que sabe do que falamos! Curti teu texto, sou suspeito em falar até pelo fato da nossa amizade, mas sobretudo, aproveito para expressar minha saudade por você, que pra mim é um grande irmão!
Torço por você, pra ser mais exato, por vocês!
Tenha certeza que mesmo com a distância, estarei sempre de pé para te aplaudir!
Um grande abraço,
Robson.
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial