O dia em que participei do Saia Justa
Eu estava hospedado em um hotel da zona sul em São Paulo. Como eu tinha algumas horas de folga até meu voo de volta a Salvador, me informei na recepção do hotel sobre algum lugar interessante pra ver gente legal e tomar uma cerveja. E assim, fui eu tomar essa bendita cerveja, cheio de vontade e de sede.
Cheguei ao referido bar, que por sinal era um bar grande, bem decorado, me sentei numa mesa mais afastada e fiquei assuntando o povo paulista. Uma coisa estranha era que a cerveja não tinha gosto de cerveja, procurava identificar aquele gosto e até hoje não sei que gosto que era. Ah, deixa pra lá, resolvi prestar mais atenção no ambiente, e num canto à minha direita percebi uma discussão acalorada de umas mulheres. Eu não as olhava, apenas as ouvia. Sei lá o que me deu na cabeça, não me dei conta do que estava acontecendo direito. Não uso drogas, mas talvez eu estivesse drogado. Eu estava tão desnudado de qualquer etiqueta social sobre interromper pessoas, que me tornei excessivamente humano, tamanha inquietação que aquela discussão me proporcionava.
No cume da minha confusão mental, agora as mulheres já com rosto, eu ouvi a Márcia Tiburi dizer: “Eu não queria ser uma esquina e muito menos uma avenida, pois elas são sempre em terceira pessoa”. Eu achei isso tão genial que me senti atraído, parecia uma xícara de café fresquinho me convidando pra uma conversa, me levantei e fui pegar outra cerveja, enquanto ia para o balcão, despretensiosamente entrei na conversa delas, que para mim durou alguns segundos, até os seguranças me pegarem. Não me lembro muito bem o que eu disse, mas elas aplaudiram logo depois. Só então, me dei conta de que o Saia Justa estava sendo gravado neste bar. Tarde demais, a vergonha já dominava cada músculo do meu corpo. Talvez, também, esse espasmo muscular tenha me acordado às 7:09 da manhã de uma sexta-feira de Novembro.
Allê Barbosa
06 de Novembro de 2009
2 Comentários:
Às 3:03 AM , Mari disse...
Bom dia meu amigo.
Feliz por ler mais um texto seu.
Às vezes vivemos situações que nos causam alegrias e outras constrangedoras, mas faz parte rssssssss
A nossa vida é uma ciranda.
E nós fizemos parte desse espetáculo que é nossa vida.
Que tudo de bom aconteça com você sempre.
Beijos se cuida.
Às 1:41 AM , Anônimo disse...
Adorei o texto.Sabia que é um excelente músico,mais não sabia que também era escritor,e por sinal muito bom.Continue escrevendo..estou ansiosa para ler as demais crônicas.
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